Medicina & Arte

segunda-feira, maio 31, 2010

POESIA

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.


O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...


Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.


Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

Cecília Meireles

POESIA

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?

Cecília Meireles

POESIA

Mas que sei eu das folhas no outono
ao vento vorazmente arremessadas
quando eu passo pelas madrugadas
tal como passaria qualquer dono?
Eu sei que é vão o vento e lento o sono
e acabam coisas mal principiadas
no ínvio precipício das geadas
que pressinto no meu fundo abandono
Nenhum súbito lamenta
a dor de assim passar que me atormenta
e me ergue no ar como outra folha
qualquer. Mas eu sei que sei destas manhãs?
As coisas vêm vão e são tão vãs
como este olhar que ignoro que me olha

rui belo

POESIA

As palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade

sábado, maio 29, 2010

POESIA

Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar…
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).

Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura…
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.

MARIA

INFORMAÇÃO...

Nozes ajudam a preservar o coração
A boa alimentação é um dos segredos da vida saudável. A novidade é que o consumo regular de nozes auxilia na correcção de problemas já existentes, como o mau colesterol.




Duas nozes por dia são suficientes para ajudar a tratar do colesterol. Nozes e pistachos são alimentos com capacidade para reduzir os níveis de triglicerídeos, elementos responsáveis pela formação de placas de gordura, e do LDL, o chamado mau colesterol.



A boa notícia é que além de evitarem os grandes inimigos da boa saúde cardíaca, estes alimentos aumentam o HDL, considerado o colesterol positivo.



Estas conclusões são resultado de uma pesquisa conduzida pela Escola de Saúde Pública da Universida de Loma Lima, na Califórnia e foram divulgadas pelo sítio na Internet do jornal O Globo. O trabalho já publicado avaliou 25 estudos com testes clínicos desenvolvidos em sete cidades norte-americanas.



Os médicos envolvidos neste projecto analisaram pesquisas clínicas de 583 homens e mulheres, com idades compreendidas entre os 19 e 86 anos, no período entre 1992 e 2007. Durante a pesquisa, os participantes aumentaram o consumo de nozes de zero para uma média de 67 gramas por dia.



Os resultados demonstraram que os indivíduos que consumiram 67 gramas de nozes viram as suas taxas de triglicerídeos reduzidas em 10,2%. O LDL baixou uma média de 5,1 a 7,4%, nas pessoas com níveis mais elevados. Os participantes com níveis mais altos de colesterol também experimentaram uma redução positiva do colesterol total (de 7,45 a 9,6%).



Os maiores beneficiados foram os indivíduos que consumiram 20% das suas calorias diárias em nozes, o que equivale, numa dieta de duas mil calorias, a 400 calorias de nozes.



"As nozes são ricas em gorduras não saturadas, o principal ingrediente para baixar o colesterol", explica Joan Sabaté, responsável pelo projecto. "As nozes também são as fontes mais potentes de proteína entre as plantas, além de conterem fibras e fitoesteróides, que ajudam o colesterol a ser absorvido, conclui o investigador.

sexta-feira, maio 28, 2010

POESIA

POEMA À MÂE
No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.

Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.

Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -
Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;

Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;

Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...

Mas - tu sabes - a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade, Os Amantes sem Dinheiro

POESIA

Cântico Negro

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "Vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "Vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "Vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

José Régio.

POESIA

Seus Olhos

Seus olhos ... se eu sei pintar
O que os meus olhos cegou ...
Não tinham luz de brilhar.
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.


Divino, eterno! ... e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, num só momento que a vi,
Queimar toda alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.


Almeida Garrett

POESIA

URGENTEMENTE
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
Ódio, solidão e crueldade,
Alguns lamentos,
Muitas espadas.

É urgente inventar a alegria,
Multiplicar as searas,
É urgente descobrir rosas e rios
E manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
Impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
Permanecer.

MARIA

quinta-feira, maio 27, 2010

POESIA

Silenciosamente,
a tempestade tomou conta de mim,
remexendo no mais profundo estigma da minh'alma
libertando-me de mim mesma e, de um propósito que já não existe
Silenciosamente,
os ecos das minhas memórias recônditas
vão-se apagando nas amargas esperas de um amor moribundo
Silenciosamente,
a dureza dos sentidos, vai gelando as minhas veias
onde outrora o sangue queimava de ouvir o teu nome
e, o que resta de mim,
é afinal
um grito, um sopro
uma dor que se arrasta
um arrepio que se entranha,
uma estrela que deixou de brilhar

FLORBELA SPANCA

quarta-feira, maio 26, 2010

POESIA

A vida é o dia de hoje

A vida é o dia de hoje,
A vida é ai que mal soa,
A vida é sombra que foge,
A vida é nuvem que voa;
A vida é sonho tão leve
Que se desfaz como a neve
E como o fumo se esvai:
A vida dura um momento,
Mais leve que o pensamento,
A vida leva-a o vento,
A vida é folha que cai!
A vida é flor na corrente,
A vida é sopro suave,
A vida é estrela cadente,
Voa mais leve que a ave:
Nuvem que o vento nos ares,
Onda que o vento nos mares,
Uma após outra lançou,
A vida - pena caída
Da asa da ave ferida
De vale em vale impelida
A vida o vento levou!

(João de Deus)

POESIA

Amor que morre

O nosso amor morreu... Quem o diria!
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver, sem ver a conta

Do tempo que passava, que fugia!
Bem estava a sentir que ele morria...
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre... e logo aponta

A luz doutra miragem fugidia...
Eu bem sei, meu Amor, que pra viver
São precisos amores, pra morrer,
E são precisos sonhos pra partir.

E bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
De outro amor impossível que há-de vir!

(Florbela Espanca)

POESIA

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

(Poema de Natal-Vinicius de Moraes)

POESIA

Durmo ou não?
Durmo ou não? Passam juntas em minha alma
Coisas da alma e da vida em confusão,
Nesta mistura atribulada e calma
Em que não sei se durmo ou não.
Sou dois seres e duas consciências
Como dois homens indo braço-dado.
Sonolento revolvo omnisciências,
Turbulentamente estagnado.
Mas, lento, vago, emerjo de meu dois.
Disperto. Enfim: sou um, na realidade.
Espreguiço-me. Estou bem... Porquê depois,
De quê, esta vaga saudade?

Fernando Pessoa

POESIA

Se penso mais que um momento

Se penso mais que um momento
Na vida que eis a passar,
Sou para o meu pensamento
Um cadáver a esperar.

Dentro em breve (poucos anos
É quanto vive quem vive),
Eu, anseios e enganos,
Eu, quanto tive ou não tive,

Deixarei de ser visível
Na terra onde dá o Sol,
E, ou desfeito e insensível,
Ou ébrio de outro arrebol,

Terei perdido, suponho,
O contacto quente e humano
Com a terra, com o sonho,
Com mês a mês e ano a ano.

Por mais que o Sol doire a face
Dos dias, o espaço mudo
Lambra-nos que isso é disfarce
E que é a noite que é tudo.

Fernando Pessoa

POESIA

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem sorte,
Sou a irmã do sonho, e desta sorte,
Sou a crucificada...a dolorida...
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!

Florbela Espanca, Livro de Mágoas

POESIA

mostrar detalhes 00:10 (7 horas atrás)
Nunca são as coisas mais simples que aparecem

quando as esperamos. O que é mais simples,

como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos, não se

encontra no curso previsível da vida. Porém, se

nos distraímos do calendário, ou se o acaso dos passos

nos empurrou para fora do caminho habitual,

então as coisas são outras. Nada do que se espera

transforma o que somos se não for isso:

um desvio no olhar; ou a mão que se demora

no teu ombro, forçando uma aproximação

dos lábios.

[Nuno Judice]

POESIA

Eu não sou de ninguém!... Quem me quiser

Há-de ser luz do Sol em tardes quentes;

Nos olhos de água clara há-de trazer

As fúlgidas pupilas dos videntes

Há-de ser seiva no botão repleto,

Voz no murmúrio do pequeno insecto,

Vento que enfurna as velas sobre os mastros!...

Há-de ser Outro e Outro num momento!

Força viva, brutal, em movimento,

Astro arrastando catadupas de astros!


Florbela Espanca

POESIA

Eu, cheio de todos os cansaços
Quantos o mundo pode dar. -
Eu...
Afinal tudo, porque tudo é eu,
E até as estrelas, ao que parece,
Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças...
Que crianças não sei...
Eu...
Imperfeito?Incógnito? Divino?
Não sei...
Eu...
Tive um passado?
Sem dúvida...
Tenho um presente?
Sem dúvida...
Terei um futuro?
Sem dúvida...
A vida que pare de aqui a pouco...
Mas eu, eu...
Eu sou eu,
Eu fico eu,
Eu...

[Alvaro de Campos]

terça-feira, maio 25, 2010

POESIA

Deixei a luz a um lado e numa beira
da cama em desalinho me sentei,
sombria, muda, os olhos imóveis
cravados na parede.
Que tempo estive assim? Não sei; ao deixar-me
a horrível embriaguez da dor
já expirava a luz, e na varanda
ria o sol.
Não sei tão-pouco em tão terríveis horas
em que pensava ou que passou por mim;
recordo só que chorei ............e que naquela noite envelheci.

[Gustavo Adolfo Bécquer]

domingo, maio 23, 2010

POESIA

Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...

[Florbela Espanca ]

POESIA

um poema

Dá-me a tua mão:
Vou agora contar-te
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.
Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois factos existe um facto,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.
[Clarice Lispector]

POESIA

preciso da eterna coragem de subir
de descobrir até onde vai o que me move.
que a minha coragem se mostre
de ser e fazer
e que as minhas costas
que me protegem
também me aguentem
e me façam olhar sempre em frente
antes de tudo.
é o que eu preciso!

(GERARDO)

POESIA

o que eu preciso

Não sei se volteio
Se rodopio
Se quebro
Se tombo nesta queda
em que passeio
Não sei se a vertigem
em que me afundo
é este precipício em que me enleio
Não sei se cair assim me quebra...
Me esmago ou sobrevivo
em busca deste anseio.
[Maria Teresa Horta]

POESIA

Deixa,
que a dor se dispa de preconceitos
e, me leve em quimeras prometidas
trazidas por ventos de novas eras
Deixa,
que os ecos da minha solidão,
que me asfixiam
se dissipem no teu respirar e,
me envolvam nas formas do teu querer
Deixa,
que as grades que te prendem, se desintegrem
num doce acordar de memórias que há em ti
Deixa,
que a vida flua no percurso cósmico
em que o princípio e o fim se mesclem
no coração de universo
Deixa,
que a vibração do teu sentir
ilumine o teu o ser,
e a tua alma se manifeste no amor que há em ti.

Florbela Spanca

POESIA

Tudo depende da posição.....

Fazê-lo parado fortalece a coluna,
de barriga para baixo estimula a circulação do sangue,
de barriga para cima é mais agradável,
fazê-lo sozinho é enriquecedor, mas egoísta,
em grupo pode ser divertido,
no w.c. é muito digestivo,
no automóvel pode ser perigoso...
Fazê-lo com frequência
desenvolve a imaginação,
a dois, enriquece o conhecimento,
de joelhos, torna-se doloroso...
Enfim, sobre a mesa ou sobre ao secretária,
antes de comer ou à sobremesa,
sobre a cama ou numa rede,
despidos ou vestidos,
na relva ou sobre o tapete,
com música ou em silêncio,
entre lençóis ou no roupeiro:
Fazê-lo é sempre um acto de amor e de enriquecimento.
Não importa a idade, nem a raça, nem o credo, nem o sexo, nem a
posição económica....o que importa é que.......................

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Ler é um prazer!!!...

quinta-feira, maio 20, 2010

A VIDA

O Tempo passa.
A vida acontece.
A distância separa...
As crianças crescem.
Os empregos vão e vêem.
O amor se transforma em afecto.
As pessoas não fazem o que deveriam fazer.
O coração pára sem avisar.
Os pais morrem.
Os colegas esquecem os favores.
As carreiras terminam.
Mas os verdadeiros amigos estão lá, não importa quanto tempo nem quantos quilómetros tenham afastado vocês.
Um AMIGO nunca está mais distante do que o alcance de uma necessidade, torcendo por você, intervindo em seu favor e esperando você de braços abertos, abençoando sua vida!
Quando iniciamos esta aventura chamada VIDA, não sabemos das incríveis alegrias e tristezas que experimentaremos à frente, nem temos boa noção do quanto precisamos uns dos outros...
Mas, ao chegarmos ao fim da vida, já sabemos muito bem o quanto cada um foi importante para nós!

SOU UM HOMEM...

Sou um homem, sou um bicho, sou uma mulher
Sou as mesas e as cadeiras desse cabaré
Sou o seu amor profundo, sou o seu lugar no mundo
Sou a febre que lhe queima mas você não deixa
Sou a sua voz que grita mas você não aceita
O ouvido que lhe escuta quando as vozes se ocultam
Nos bares, nas camas, nos lares, na lama
Sou o novo, sou o antigo, sou o que não tem tempo
O que sempre esteve vivo, mas nem sempre atento
O que nunca lhe fez falta, o que lhe atormenta e mata
Sou o certo, sou o errado, sou o que divide
O que não tem duas partes, na verdade existe
Oferece a outra face, mas não esquece o que lhe fazem
[Ney Matogrosso]