Medicina & Arte

domingo, fevereiro 27, 2011

POESIA

Arrastas a escravidão até à velhice
e nada que faças te vale de muito.
Dia após dia passas pelos mesmos gestos,
tremes na cama, tens fome, desejos...

Heróis representando vidas de sacrifício e obediência
enchem os parques por onde caminhas.
À noite, no nevoeiro, abrem as umbrelas de bronze
ou então refugiam-se nos vestíbulos vazios dos cinemas.

Amas a noite pelo seu poder de destruição,
mas enquanto dormes, os teus problemas irão morrer.
Acordar só prova a existência da Grande Máquina
e a luz árdua cai nos teus ombros.

Caminhas entre os mortos e falas
de tempos por vir a assuntos do espírito.
A literatura fez-te desperdiçar as melhores horas de amor.
Fins-de-semana perdidos...

De pronto confessas o teu fracasso e adias
a alegria colectiva para o próximo século. Aceitas
a chuva, a guerra, o desemprego e a distribuição injusta da riqueza
porque não podes...não queres...

1 Comments:

  • " Enterrar a cabeça na areia" como a avestruz, não resolve os nossos problemas!...
    Encarar a vida, enfrentá-la e vivê-la com coragem e determinação, será, a meu ver, uma atitude muito mais positiva...

    By Blogger Manuela Menino, at 10:23 da tarde  

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