ARTE
Como escreve o El País na edição deste sábado, “a Itália adora Caravaggio, mas também adora grandes mistérios”. E este não podia ser um mistério maior. Até hoje, não eram conhecidos, ou não são, quaisquer trabalhos dos anos de formação de Caravaggio, na altura em que trabalhou no atelier de um célebre pintor maneirista, Simone Peterzano. Os investigadores e especialistas acreditam que existem mas a verdade é que nunca foram encontrados ou a sua autoria nunca foi comprovada. Até quinta-feira, dia do surpreendente anúncio, que deu como certa a descoberta e a autoria dos desenhos encontrados no Castelo Sforza, em pleno centro de Milão.
Mas existem muitas dúvidas e vários “pontos fracos” nesta investigação, a começar com os seus investigadores, Maurizio Bernardelli Curuz e Adriana Conconi Fedrigoli, cujo nome não é conhecido na área. De notar ainda, que estes desenhos, que fazem parte do chamado Fundo Peterzano, propriedade municipal e instalado no Castelo Sforza, onde estão alojados cerca de 1400 obras de Simone Peterzano e de outros pintores a ele associados, não eram desconhecidos e foram já várias vezes estudados e analisados por diferentes investigadores, que até agora nunca conseguiram chegar a nenhuma conclusão sólida.
“O Fundo é muito conhecido. Portanto ou somos todos estúpidos ou então não sei”, disse Maria Teresa Fiorio, antiga responsável pelo Fundo Peterzano, aoEl País, explicando que os desenhos foram investigados ao longo das últimas décadas pelos mais importantes estudiosos de Caravaggio e até hoje nenhum arriscou tal afirmação, pondo assim em causa a palavra de dois investigadores que não têm nome no ramo.
Sem meias palavras, a antiga responsável questiona ainda a forma como todo o achado foi dado a conhecer. Na quinta-feira, a meio da tarde, soube-se que os desenhos tinham sido atribuídos ao mestre da pintura italiano, e na sexta-feira foi publicado um livro electrónico na Amazon, intitulado ”Giovane Caravaggio. Le cento opere ritrovate” [“Giovane Caravaggio: As cem obras descobertas”] e que dava a conhecer as imagens.
“Estou perplexa. Um investigador sério não publica um livro electrónico. Estuda os desenhos e publica-os nos canais apropriados”, acrescentou Maria Teresa Fiorio, para quem esta atribuição não tem “um ponto de apoio”. “Não é certo que sejam desenhos de Caravaggio.”
Foi também com algumas dúvidas e outras críticas que o director dos Museus do Vaticano recebeu esta notícia. Num artigo publicado no L’Osservatore Romano, Antonio Paolucci escreveu que este caso se trata de “um episódio de puro optimismo intuitivo”. “Nenhum dos investigadores pensou em dar uma autoria diferente da que sempre se deu: a de Simone Peterzano. Pode acontecer que aquilo que escapou a prestigiados professores seja descoberto por investigadores menos titulados, mas dotados de olhos, sensibilidade e sorte, como já aconteceu noutras ocasiões”, continua Paolucci, defendendo que é impossível atribuir a autoria de Caravaggio a estes desenhos, uma vez que até ao momento não existe “um único desenho comprovado” do pintor, sendo impossível confrontar e deduzir com base científica.
Mais estupefacta com o anúncio ficou Francesca Rossi, actual responsável pelo gabinete onde estavam guardados os desenhos, e que apenas se encontrou uma vez com os dois investigadores, quando estes foram ao Castelo Sforza pedir fotografias dos trabalhos em causa. “Não os conheço de lado nenhum. Só houve um contacto quando eles vieram pedir as cópias”, explicou a responsável ao El País, afirmando que “os desenhos são estudos de detalhe” e por isso não existe “nenhuma possibilidade de verificar a sua autoria através de fotografias”. “Atribuí-los a Caravaggio parece-me ambicioso e pouco apresentável.”
Mas existem muitas dúvidas e vários “pontos fracos” nesta investigação, a começar com os seus investigadores, Maurizio Bernardelli Curuz e Adriana Conconi Fedrigoli, cujo nome não é conhecido na área. De notar ainda, que estes desenhos, que fazem parte do chamado Fundo Peterzano, propriedade municipal e instalado no Castelo Sforza, onde estão alojados cerca de 1400 obras de Simone Peterzano e de outros pintores a ele associados, não eram desconhecidos e foram já várias vezes estudados e analisados por diferentes investigadores, que até agora nunca conseguiram chegar a nenhuma conclusão sólida.
“O Fundo é muito conhecido. Portanto ou somos todos estúpidos ou então não sei”, disse Maria Teresa Fiorio, antiga responsável pelo Fundo Peterzano, aoEl País, explicando que os desenhos foram investigados ao longo das últimas décadas pelos mais importantes estudiosos de Caravaggio e até hoje nenhum arriscou tal afirmação, pondo assim em causa a palavra de dois investigadores que não têm nome no ramo.
Sem meias palavras, a antiga responsável questiona ainda a forma como todo o achado foi dado a conhecer. Na quinta-feira, a meio da tarde, soube-se que os desenhos tinham sido atribuídos ao mestre da pintura italiano, e na sexta-feira foi publicado um livro electrónico na Amazon, intitulado ”Giovane Caravaggio. Le cento opere ritrovate” [“Giovane Caravaggio: As cem obras descobertas”] e que dava a conhecer as imagens.
“Estou perplexa. Um investigador sério não publica um livro electrónico. Estuda os desenhos e publica-os nos canais apropriados”, acrescentou Maria Teresa Fiorio, para quem esta atribuição não tem “um ponto de apoio”. “Não é certo que sejam desenhos de Caravaggio.”
Foi também com algumas dúvidas e outras críticas que o director dos Museus do Vaticano recebeu esta notícia. Num artigo publicado no L’Osservatore Romano, Antonio Paolucci escreveu que este caso se trata de “um episódio de puro optimismo intuitivo”. “Nenhum dos investigadores pensou em dar uma autoria diferente da que sempre se deu: a de Simone Peterzano. Pode acontecer que aquilo que escapou a prestigiados professores seja descoberto por investigadores menos titulados, mas dotados de olhos, sensibilidade e sorte, como já aconteceu noutras ocasiões”, continua Paolucci, defendendo que é impossível atribuir a autoria de Caravaggio a estes desenhos, uma vez que até ao momento não existe “um único desenho comprovado” do pintor, sendo impossível confrontar e deduzir com base científica.
Mais estupefacta com o anúncio ficou Francesca Rossi, actual responsável pelo gabinete onde estavam guardados os desenhos, e que apenas se encontrou uma vez com os dois investigadores, quando estes foram ao Castelo Sforza pedir fotografias dos trabalhos em causa. “Não os conheço de lado nenhum. Só houve um contacto quando eles vieram pedir as cópias”, explicou a responsável ao El País, afirmando que “os desenhos são estudos de detalhe” e por isso não existe “nenhuma possibilidade de verificar a sua autoria através de fotografias”. “Atribuí-los a Caravaggio parece-me ambicioso e pouco apresentável.”
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