ARTISTA COM AZAR OU O AZAR DO ARTISTA?
O mês de Abril assim como o mês de Maio deste ano, foram meses que ficarão marcados na minha vida, tal tatuagens, como já o foram há quase dois anos outros acontecimentos que me marcaram de vez a minha alma para sempre, sem haver cura ou remédio para isso.
Eu era um menino que quando ainda pequenino tinha sonhos de cor - de - rosa...e um deles era ter uma bicicleta. Mas o meu Pai sempre achou que era uma mordomia que não podia dar ao seu rebento sonhador...; penso que ele não sabia que eu sonhava! E assim os dias iam passando e as noites eram ocupadas com os meus sonhos de cor-de-rosa...
Em 1975 recebi o meu primeiro ordenado de trabalhador efectivo:7.500$00. Foi esta grande fortuna que recebi nos Hospitais da Universidade de Coimbra nos fim do mês de Janeiro desse ano, que jamais voltará. Oh, quanto desejaria que pudesse o relógio da vida andar para trás! E o menino, que já não o era, fez com que se cumpri-se os seus sonhos de criança e comprou uma bicicleta de cor vermelha...a cor do seu clube, o glorioso, o Benfica! Foi com grande orgulho que me apresentei um dia, num fim de semana, em casa dos seus Pais, com a a bicicleta. Era a materialização de sonhos de 20 anos. Mas reconheço que já veio fora de tempo...,uma coisa é ter uma bicicleta aos 6,7,8 anos...outra coisa é consegui-la aos 25 anos. E daí poucos quilometros fiz com a dita.
Mais tarde, já quase a ultrapassar a metade da vida potencial neste mundo, resolvi comprar uma "pasteleira", mas tinha um defeito, era pesada! E apenas serviu para alguns minutos de recreio!. Em meados de Abril deste ano, talvez pelo o efeito da minha nova profissão nos tempos livros, TRABALHADOR EM LAZER - "la retraite" - , o homem, que mais parecia um menino, comprou nova bicicleta. Era uma bicicleta americana leve, muito leve, quase levíssima e artilhada com várias mudanças - a minha R4 só tem 4 mudanças! - e um belo tarde , quando o sol se escondia atrás da serra do Caramulo, portanto, já quase noite, montei na dita, engatei uma mudança como se estivesse a conduzir a minha 4L...e ainda não tinha percorrido cem metros...zás, queda, que foi amparada pelo alcatrão da estrada! Se fosse há dois anos atrás tinha protecção/almofada gordurosa nas ancas...,mas hoje é só osso!...Resultado: Traumatismo da anca direita e reflexos do mesmo na coluna lombo - sagrada. A minha sorte foi estar a cem metros do ponto de partida!!! Lá cheguei ao porto de abrigo e só Deus sabe quanto me custou. Fui directamente para a cama com aplicação de água gelada localmente, a grande terapeutica dos traumatismos! A noite foi má, especialmente quando me tentava mudar de posição no leito. De manhã bem cedo mandei comprar na Farmácia mais perto um par de canadianas. Para quê? Nesse dia, nas horas vagas do Lazer, tinha marcado consultas no meu local DAS CONFISSÕES...e havia um paciente que vinha de Moncorvo.Não tinha o seu contacto telefónico e achei que em primeiro estariam as obrigações e só depois as devoções... e fui para o consultório com 4 pernas, duas minhas e duas emprestadas/compradas. Entro no consultório e o povo doente, que esperava o discípulo de Hipócritas, mas cheio de sabedoria, desabafa: "Coitadinho, ao que ele já chegou"!... Não imaginam quanto isso me doeu na alma..., e corro rapidamente para dentro do consultório, arrastando a perna, visto a bata branca e venho cá fora novamente, cheio de confiança, mas ferido no meu orgulho, e digo bem alto: Isto foi o resultado de uma queda de bicicleta ontem à noite! Os críticos, mas sábios, acalmaram-se e disseram para o homem já velho e doloroso mas que teimou ser menino: "Ah! assim já é melhor...mas para que na sua idade anda nestas coisas?"
Resultado: Um mês de canadianas e fisioterapia!
Mas também aprendi que para se andar de canadianas era necessário ter um mestrado.E tive de o tirar aproveitando as novas oportunidades socráticas...depois de sofrer na pele e nos músculos a falta da experiência nessa matéria!!!
Quinze dias depois, numa bela manhã, fria, com o céu tapado por nuvens que ameaçavam chuva, fui trabalhar.Sim, trabalhar, porque "ma retraite" a isso me obriga...e uma vez sentado no C70, com todas as condições para o Lazer, ligo o aquecimento geral, bancos aquecidos - só faltava o saco de água quente aos pés - e em velocidade cruzeiro de 40-50 Km/hora, meto-me na auto estrada Viseu-Vila Real.Ia feliz,um pouco com sono, e se tivesse ido pela estrada alternativa, não pagaria portagens e teria estacionado o carro numa berma e dormiria 5-10 minutos e estaria fino e acordado para continuar a jornada auto! Mas na auto estrada diz o código das estradas que não se pode parar...e como sou um cumpridor das leis não parei.Ou melhor, parei mais adiante quando bati nos rails que dividem as duas faixas de rodagem! Como ia em velocidade cruzeiro de passeante de fim de semana, adormeci...,mas pouca estragos fez...e, assim, dei graças ao Senhor pelo pequeno susto sem consequências no meu corpo já doente!
Quinze dias depois, e seguindo o mesmo trajecto, já fui cauteloso - homem prevenido vale por dois, não é verdade? - e tomei um café à saída de Viseu. Resultou! Sem qualquer sono! Mas teve a sua consequência. Como já há dois anos que não bebia café...esta bebida estimulante fez um efeito imediato e retardado: andei sem dormir dois dias. Como assim? É verdade. O meu companheiro à noite foi o computador MacBook Pro...
Hoje tinha em Aveiro mais um dia de formação pós graduada na área das endócrinas, diabetes e obesidade. Dormi com ajuda de 1 comprimido de Lorenin...acordei bem disposto e entusiasmado - apesar de ser TRABALHADOR EM LAZER, continuo a ter interesse pela formação continuada - e meto-me no C17...,mas passado alguns quilómetros do ponto de partida voltei a sentir sonolência. O tempo pedia isso.Nevoeiro serrado, mal se via a um palmo do nariz...e pensei que nas bombas de Vouzela eu iria ter condições para estacionar e dormir 5-10 minutos e afastar o sono.Mas o nevoeiro traiu-me e escondeu-me dos olhos o dito porto de abrigo e quando dei por isso já tina andado mais de 100 metros para a frente.Cumpridor das regras de trânsito - eu tirei "la permis de conduite" nos tempos em que não se comprava a carta, 1967! - não quis ser incumpridor do código e não fiz marcha atrás...bem, pouco depois paguei bem pago por ser um cumprido: adormeci e nova pancada nos rails...mas desta vez com consequências materiais: Duas jantes partidas e dois pneus rebentados, mais chaparia que se acrescentou aos danos da anterior batida...
Penso que ajudarei assim o Álvaro, que nasceu na minha terra adoptiva, aí cresceu até à entrada para a Universidade e agora trabalha (?) no Terreiro do Paço, depois de ter vivido perto da minha terra, Canadá, onde escreveu livros sobre temas que ele conhece apenas em teoria!
Pergunto: Será mesmo que tenho ajudado a economia ou sofro da PDV?
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