Podíamos acelerar os nossos automóveis nas auto-estradas acima dos
120km/h sem nenhum risco e não éramos multados por radares
maliciosamente escondidos mas...
não podíamos falar mal do presidente.
Podíamos comprar armas e munições à vontade, pois o governo sabia quem
era cidadão de bem, quem era bandido e quem era terrorista mas...
não podíamos falar mal do Presidente.
Podíamos dar piropos à funcionária, à menina do "guiché" das contas a pagar ou à recepcionista sem correr o risco de sermos processados por "assédio sexual" mas...,
não podíamos falar mal do Presidente.
Não usávamos eufemismos hipócritas para fazer referências a raças (ei!
preto!), credos (esse crente aí!) ou preferências sexuais (fala! sua bicha!)
e não éramos processados por "discriminação" por esse motivo mas...
não podíamos falar mal do presidente.
Podíamos tomar nossa redentora cerveja no fim do expediente do
trabalho para relaxar e conduzir o carro para casa, sem o risco de sermos
mas...
não podíamos falar mal do Presidente.
Podíamos cortar a árvore do quintal, empestada de pragas, sem que isso constituísse crime ambiental mas...
não podíamos falar mal do presidente.
Podíamos ir a qualquer bar ou boite, em qualquer bairro da cidade, de
carro, de autocarro, de bicicleta ou a pé, sem nenhum medo de sermos
assaltados, sequestrados ou assassinados mas...
não podíamos falar mal do presidente.
Hoje, a única coisa que podemos fazer....
...é falar mal do presidente!
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